van gogh, final de 1885, pouco antes de sair definitivamente de nuenen: "o pungente adeus ao realismo"; tem início um simbolismo muito próprio e original, que já se esboçara em a torre da igreja velha de nuenen, feito meio na marra, por pressão de theo, e agora aparece mais claramente em natureza-morta com bíblia.
a historinha é muito legal, mas meio longa e entretecida demais para resumir aqui. em todo caso:
- a bíblia (o pai, a religião, o peso da autoridade, as páginas abertas em isaías cap. 53, a formalidade e o peso do volume, o texto ilegível e borrado, toques de duas complementares em contraste - azul e laranja - como uma espécie de vandalização do cinza dominante das páginas),
- o livrinho (la joie de vivre de zola, ídolo de van gogh, brochura surrada, desleixada, mas com nome, autor, local de publicação cuidadosamente pintados e legíveis, o amarelo vivo da cor, o tamanhinho, a posição subordinada em relação ao volumaço da bíblia),
- a vela apagada, o sopro final, a despedida do "rayon noir", em suma, o adeus ao predomínio do negro.