8 de jun. de 2012

nossa...

uma coisa que não sei se "o leitor", tomado genericamente, sabe: o quanto a gente (pelo menos eu) vive e sofre as coisas que traduz. quando fiz "quem escreverá nossa história", de samuel kassow, sobre os arquivos do gueto de varsóvia, passei semanas com insônia, uma semana totalmente passada sem chegar perto da tradução, além de pesadelos. não consegui passar de cinquenta páginas da biografia de virginia woolf, de deprimida que fiquei. recusei a biografia da clarice lispector porque não gosto de coisas mentalmente trágicas. esse van gogh tem sido meu ordálio desde fevereiro. se fosse uma tradução "normal", menos absurdamente, tragicamente sofrida, torturada, injustiçada, complicada, eu já devia estar terminando - tem dias que realmente fica meio difícil trabalhar. como felizmente a companhia das letras e o editor thyago são muito compreensivos, sabem que vou me atrasar cerca de uns quinze, vinte dias na entrega que tinha sido combinada (e já era um prazo generoso). mas caramba, como uma biografia dessas drena a gente!